CasalA reprodução é uma das etapas da vida. Nascemos, crescemos e nos reproduzimos. Os seres humanos formam sua descendência por meio de relações sexuais e, mesmo assim, existem aqueles que não conseguem – devido à infertilidade ou disfunções. O homem e a mulher são férteis desde o período da adolescência, até a meia idade.

Mediante à fecundação é que ocorre a reprodução dos seres humanos. Essa, diferentemente de alguns grupos de animais, como os peixes, acontece no interior do sistema reprodutor da fêmea. A fecundação configura-se como a união de células sexuais, em que cada uma delas possui quantidade “x” de cromossomos. A junção delas forma o zigoto – união dos gametas masculino (espermatozoide) e feminino (óvulo).

Há distinções entre homem e a mulher quanto ao período fértil. O homem não possui um “relógio”, a qualquer momento, ele se encontra preparado. A ejaculação não tem prazo de acontecer, do mesmo modo que a ovulação. As mulheres passam pelo ciclo menstrual e não engravidam em determinados períodos.

Por exemplo, o ciclo menstrual inicia no primeiro dia em que há hemorragia da mucosa uterina. A fertilidade feminina acontece cerca de 14 dias antes da menstruação. Porém, essas datas não são muito precisas, uma vez que algumas mulheres podem estar férteis nesse período de menstruação.

De acordo com os especialistas do Hospital Universitário da UNIFESP, há formas da mulher saber se está ovulando. Uma delas, é quando aparecem dores na região pélvica, cerca de 14 dias antes da próxima menstruação. Outra forma manifestada pelo corpo é a secreção do muco cervical. Liberado pela vagina, e com a cor semelhante à da clara de ovo, acontece entre um dia antes ou depois da ovulação.

Pela temperatura corporal também se detecta o período de fertilidade feminina. Mede-se a cada manhã, antes de se levantar. Tira-se a temperatura para saber o dia do aumento dela. A variação pode acontecer entre dois dias antes ou depois da ovulação. Ou, se preferir, nas farmácias, são disponibilizados os testes de hormônios.

O teste de ovulação revela o aumento da produção do LH (Hormônio Luteinizante). Inicia-se o processo de ovulação segundo o pico de LH, significa que a mulher ovulará entre 24 e 36 horas após.

No caso dos homens, se torna mais fácil por não haver todo um ciclo. Qualquer hora ou dia do mês, ele está preparado, devido à simplicidade de processos. Para o homem, existem três básicos: a excitação, a ereção e a ejaculação. O que ataca o sexo masculino são as disfunções; porém, a partir dos anos 80, surgiu a esperança de muitos: o hormônio fentolamina, popularmente conhecido como “azulzinhas” ou Viagra.

Para que haja a reprodução humana, é preciso o bom funcionamento do aparelho masculino e o período fértil feminino. O órgão genital masculino deve penetrar a vagina. Nesse processo, o pênis lança os espermatozoides no útero. Se a mulher não estiver no período fértil, os espermatozoides não conseguem entrar, por causa do muco cervical, abundante em proteínas, que impede a entrada deles. Por outro lado, em seu período de ovulação, ele se torna mais fluido e não age contra o gameta do homem.

Superada essa fase, os espermatozoides viajam pelas trompas à procura do óvulo. Ao encontrar, cerca de 500 milhões deles tentam entrar no gameta feminino; aquele ou aqueles que conseguirem, se unirão, formando o embrião (zigoto), que nascerá em até nove meses.

Centro de Reprodução Humana

Nem todas as pessoas podem ter filhos. Isso pode acontecer por vários motivos, tais como disfunção erétil e esterilidade.

Estudos feitos em meados da década de 1980, corrigiram uma dessas causas: a descoberta do hormônio fentolamina, mais conhecido por meio do remédio Viagra. Apesar disso, somente a ereção não é o suficiente. Os dois lados devem atuar em conjunto. Quando não acontece a fecundação, se torna viável a intervenção científica. Por isso, foram criadas formas artificiais de engravidar, algumas delas são: a inseminação artificial e a fertilização in vitro, procedimentos realizados nas clínicas de fertilização.

Inseminação Artificial

Geralmente, um casal que está incapacitado do processo de reprodução procura essas clínicas. A inseminação artificial é um processo mecânico em que são injetados os espermatozoides no útero, seja ele do cônjuge ou, quando o homem é infértil, de um doador. O gameta masculino é guardado em tubos mantidos a -196º C.

A técnica da inseminação artificial foi usada até meados dos anos 70. Na década seguinte, surgiu a fertilização in vitro; porém, a segunda não substituiu a inseminação, que ainda é fornecida como tratamento.

Fertilização in Vitro

A fertilização in vitro é conhecida popularmente como “bebê de proveta” que, diferentemente da inseminação, o processo de união dos gametas é feito fora do corpo da mulher. É preferível a escolha da inseminação, uma vez que a fertilização in vitro traga consigo um problema: a gestação de várias crianças de uma só vez – por exemplo, quadrigêmeos. Há casos em que a mulher pode dar à luz a óctuplos: oito filhos num mesmo parto. Foi o que aconteceu em 2009 com Nadya Suleiman, uma americana do estado da Califórnia.

No Brasil, a primeira fertilização in vitro da história do país foi um salto para a Medicina. A experiência com o bebê de proveta aconteceu em 1984, quando Ana Paula veio ao mundo, seis anos após a primeira criança de proveta: Louise Brown. Ana Paula Caldeira nasceu no dia 07 de outubro, na cidade de São José dos Pinhais, região metropolitana da capital Curitiba.

A Medicina Brasileira avançou nos estudos, sendo um dos primeiros países a ter sucesso nesses procedimentos. Pessoas do exterior procuram o Brasil à procura de tratamentos do tipo. O avanço científico na área familiar trouxe esperança às famílias assoladas pela impossibilidade de gerar herdeiros.

Sociedade Brasileira de Reprodução Humana

A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) foi fundada em 1947, com sede na cidade de São Paulo. Atua sem fins lucrativos com o objetivo de apoiar casais com problemas de fertilidade. Um dos projetos realizados pela entidade é chamado de “Doação de Óvulo Compartilhado”, em que as fornecedoras seriam contempladas com tratamentos de fertilização gratuitos. A ação é realizada em conjunto com o Conselho Federal de Medicina.

No ano de 2004, a fertilização in vitro comemorou seus 20 anos. Atualmente, o tratamento é bem mais efetivo, uma vez que as pesquisas nesse ramo são intensas. Porém, a forma artificial de formação de descendentes tem pontos prós e contras. Para as mulheres, mães solteiras, por exemplo, que querem ter filhos ou mesmo aquelas com mais de 35 anos, é possível. As mulheres acima de 35 anos foram citadas porque a partir dessa idade há a diminuição na produção de óvulos – espécie de prazo de validade.

Os avanços dos estudos possibilitaram a escolha das características do seu filho, quanto ao fenótipo (conjunto de caracteres que se manifestam visivelmente: cor da pele, cabelo, cor dos olhos, etc.) e imunidade. Por exemplo, famílias que têm problema no sangue, a criança que está por vir pode nascer sem perigo de manifestação de tal patologia.

No Brasil, existem diversas clínicas de reprodução humana. Em Campinas - SP, existem centros de reprodução que trabalham com vários segmentos do ramo reprodutor:

  • Purificação de sêmen, para os portadores do vírus HIV (AIDS), em que o homem é portador e a mulher não;
  • A microinjeção spz, para ajudar com a baixa produção de espermatozoide – insuficientes para o sucesso da fertilização in vitro. Nesse caso, com um micromanipulador, o médico colhe o espermatozoide de qualidade e o injeta no óvulo maduro.

Outros serviços fornecidos por essas clínicas são os básicos:

  • A fertilização;
  • A doação e óvulos;
  • A inseminação homóloga (AIH), que consiste em Reprodução Assistida e não bebê de proveta. É bem mais simples e é utilizada para casos em que o espermatozoide não consegue chegar ao seu destino, por causa de uma série de fatores adversos, tais como: impotência, ejaculação com baixa quantidade de espermatozoide, ou mesmo com incapacidade de locomoção; para homens que fizeram vasectomia, etc.

Legislação sobre Reprodução Humana

Médica ReproduçãoA legislação brasileira prevê a regulamentação da execução de práticas de inseminação ao Conselho Federal de Medicina. De acordo com a resolução nº 1.358/92 do CFM, existe um procedimento ético que dita alguns pré-requisitos para adoção das técnicas de Reprodução Assistida.

O item II que se refere aos usuários da técnica, afirma que: “Toda mulher, capaz nos termos da lei, que tenha solicitado e cuja indicação não se afaste dos limites desta Resolução, pode ser receptora das técnicas de RA, desde que tenha concordado de maneira livre e consciente em documento de consentimento informado.”.

O segundo parágrafo do item II ressalta que: “Estando casada ou em união estável, será necessária a aprovação do cônjuge ou do companheiro, após processo semelhante de consentimento informado.”.

Todo material recolhido não pode ser comercializado e deve haver sigilo total, no que diz respeito à identidade, tanto do doador quanto do receptor. A resolução do Conselho Federal de Medicina estabelece desde as instruções no tratamento dos gametas, feito pelas clínicas, até a forma de aplicação do processo.

A liberação para pesquisa é um caso polêmico e que divide a população: os tradicionalistas, religiosos e os estudiosos. Já houve situações em que órgãos foram vendidos por quantidades exorbitantes, fato que é considerado crime. Inclusive quando se trata de material reprodutivo.

Uma das questões que mais causam polêmicas relacionada à legislação é o tráfico de embriões, que poderá abrir portas para o mercado negro de embriões, além da barriga de aluguel, apesar de existirem países que legalizam esse recurso. A técnica de empréstimo traz vantagens para os casais de homossexuais – no caso de dois indivíduos do sexo masculino -, pois lhes dariam filhos. Mas, apesar da legalização em alguns países, esse é um comércio considerado ilegal pelo Conselho Federal de Medicina, no Brasil.

Textos produzidos por Douglas R. B. Furtado

Revisados por Cristiana Chieffi Albuquerque