Gelo ÁguaO tempo está passando muito rápido. E para acompanhar esse tic-tac acelerado, o ser humano acaba tendo de modificar alguns costumes. Sem tempo sequer para se alimentar corretamente, precisou recorrer a meios alternativos. A comida congelada é um bom exemplo.

A oferta e o consumo de alimentos resfriados ou congelados crescem a cada dia. Os supermercados, constantemente, ampliam a área onde ficam os alimentos refrigerados. Se formos na seção de congelados nos supermercado, encontraremos de tudo: lasanhas, espetinhos de carne, pizzas, hambúrgueres, polpas de frutas, carnes, etc.

O congelamento dos alimentos é uma forma encontrada de preservar o alimento por mais tempo e sem perder as características naturais. De produtos industrializados aos naturais, o alimentos congelados fazem sucesso quando a questão é a falta de tempo.

História da Comida Congelada

Desde dos primórdios da humanidade, que o homem se preocupa com o armazenamento da sua fonte de vida, os alimentos. O fogo era utilizado para preparar o alimento e o frio para conservar. Quando a temperatura está próxima de 0ºC graus ou abaixo, ela é capaz de diminuir ou até cessar a multiplicação microbiana, conservando o alimento.

O congelamento de alimentos artificial, começou a ser difundido em 1865 nos Estados Unidos, onde peixes eram armazenados em uma bandeja com gelo e sal. Por volta de 1880, surgiu as máquinas próprias para a refrigeração de peixes. Sua refrigeração se dava pela substância amônia. Outros alimentos como frutas e ovos passaram pelo processo de congelamento na primeira metade do século 20, já as verduras foram quase as últimas, perto de 1940.

Em 1924, o inventor americano Clarence Birdseye, iniciou a comercialização de comida congelada após inventar uma forma de resfriamento rápido, no início do século 20. Baseado nas observação de habitantes de uma região canadense, o Birdseye percebeu que quando o peixe pescado entrava em contato com o ar gelado, ele congelava por causa da diferença de temperatura, assim podiam ser guardados por meses, e quando descongelado e preparado, conservava o mesmo sabor de um peixe fresco.

Nos anos 40, a empresa de Birdseye era consolidada no ramo pouco conhecido, o de comidas congeladas. Desde espinafres, ervilhas, frutas, carnes, peixe congelados, até as últimas novidades previamente cozidas como bifes e fricassê de frango. A sociedade que passava por mudanças, percebeu os benefícios que a comida pronta trazia, por ser preparada em menos tempo e ser mais prática.

Somente na década de 70, que o Brasil conseguiu alcançar os níveis internacionais de congelamento de alimentos. Assim, não bastava ter um fogão e uma geladeira para preparar e armazenar os alimentos, foi necessário o freezer e o microondas para completar uma cozinha.

Curiosidades

Na indústria de alimentos há uma técnica que congela os alimentos muito mais rápido que o comum. Chamada de congelamento rápido, funciona da seguinte maneira: o alimento é exposto a uma ventilação (muito forte), por já estar num local abaixo de zero a água que está dentro do alimento é levada a uma temperatura menor do que a do ponto de congelamento. Acelerando assim o congelamento do alimento.

Comida Congelada faz Mal?

A grande variedade deixa qualquer um tentado: são carnes, pizzas, lasanhas, pratos já prontos (como o estrogonofe), legumes e vegetais, batatinhas já cortadas, entre outros. Todos armazenados em lindas embalagens práticas e em quantidades ideais para o consumo. O tempo de preparo é praticamente a metade do que seria gasto se preparado de forma caseira. Até agora só falamos na praticidade de se consumir alimentos congelados. Mas será que esse armazenamento não traz nenhuma consequência negativa?

Quando o alimento é guardado durante muito tempo, para que ele conserve suas características naturais, ele precisa de conservantes. Os conservantes são produtos químicos que ao serem adicionados aos alimentos conservam sua estrutura original, como sabor e a cor. Assim mesmo depois de semanas guardado no congelador, é possível descongelar e preparar sem que haja perda no sabor.

Porém, toda essa facilidade tem um preço. Consumir com frequência alimentos semi-prontos não é a melhor escolha, uma vez que para que eles possam ser guardados e consumidos posteriormente, necessitam de aditivos químicos, que em excesso, causam danos à saúde. Quanto maior o período da validade, maior o acréscimo de conservantes, corantes, acidulantes e outros.

Um produto congelado nunca será igual a um produto fresco. Engana-se quem acha que comprar verduras e legumes já descascadas e ensacadas, estará levando para casa, em termos nutricionais, o mesmo que um alimento natural. Neste caso, quando a verdura/legume é submetido ao processo de congelamento, ele perde boa parte de suas vitaminais hidrossolúveis.

Ao preparar um alimento congelado, jamais congele novamente o que sobrou. Porque quando o alimento é descongelado, seus micro-organismos voltam a ser multiplicar, e se for congelado de novo, pode haver contaminação por bactérias que já estavam em proliferação. Logo, aquele restinho do estrogonofe, que ia ficar para o jantar, deve ser jogado fora. Perda nutricional e financeira são fatores negativos da praticidade.

Como Congelar Alimentos?

Vida moderna, esse é o termo que pode definir bem a prática de congelamento dos alimentos. A falta de tempo do dia-a-dia não impede mais ninguém de tomar um suco ou comer uma fruta que esteja fora da estação. É possível manter a carne cortada em pequenas porções, prontas para serem feitas, além de não precisar mais ter que começar o almoço mais cedo para cozinhar o feijão. A praticidade de uma refeição pronta como a lasanha, poupa tempo na cozinha, sacia a fome e dá a sensação de comida feita na hora.

O processo de congelamento, nada mais é, do que transformar toda a água presente no alimento em gelo, assim não se muda as propriedades, o sabor, os nutriente e a textura. Nesse estado, há a diminuição das reações químicas e a deterioração do alimento é retardada, pois os microorganismos presentes não conseguem realizar nenhuma ação, cessando seu crescimento. Mesmo assim, esses microorganismos não morrem com a baixa temperatura, sendo necessário um cuidado com o processo de descongelamento.

A grande preocupação daqueles que não são adeptos do congelamento é o medo de que o alimento, devido a mudanças de temperaturas bruscas, perca seus valores nutricionais bem como o sabor. Para que isso não aconteça e o alimento se mantenha intacto, ele deve ser exposto a uma temperatura abaixo de – 18ºC, constantemente. Essa temperatura é a média alcançada por freezers domésticos, horizontais ou verticais, porém o pequeno congelador que tem dentro da geladeira não consegue alcançar essa temperatura. Assim, ele só pode armazenar alimentos que precisam ser resfriados. Variações de temperatura no congelador pode interferir na qualidade do alimento e acabar por diminuir o tempo de validade. Por isso deve-se checar se a porta do freezer não possui nenhum desnível e respeitar o armazenamento limite do eletrodoméstico.

Refrigeração x Congelamento

Refrigeração

O ciclo de reprodução dos microorganismos é inibido, fazendo com que a deterioração dos alimentos seja retardada.

Congelamento

Há uma redução significativa da população microbiana,devido a formação dos cristais de gelo dentro das células e abaixamento da atividade da água, causando morte dos microorganismos.

Dicas para Congelar

Um congelamento eficaz de alimentos depende muito da temperatura em que estará armazenado. A temperatura do congelador situado na parte superior de uma geladeira varia entre 3ºC e – 6ºC, assim ele consegue manter refrigerado os alimentos congelados por no máximo 48 horas, não sendo possível o congelamento total. Já no freezer a temperatura pode chegar a -20ºC, capaz de congelar e manter os alimentos neste estado até seu descongelamento.

Mas essas temperaturas podem variar de acordo como é utilizado o eletrodoméstico. Se é comum abrir a porta da geladeira ou freezer várias vezes, e no período de abertura ficar muito tempo exposto a temperatura ambiente, isso faz com que o ar frio se dissipe, consequentemente diminuindo a temperatura, o que pode trazer sérias modificações nos alimentos. Por isso, os alimentos congelados devem ser consumidos o mais rápido possível, evitando futuros problemas alimentares.

Se o processo de congelamento for feito da forma correta, no caso das carnes vermelhas, de aves e os peixes, é mantida as vitaminas A e D, proteínas e minerais. Só há perda no caso das vitaminas e minerais hidrossolúveis. No caso dos legumes, cogumelos e frutas de baga, há uma tolerância ao processo, pois elas perdem a firmeza e a textura natural. Alimentos quem tem como base a gordura, como molhos, óleos e a nata, ao serem congelados separam-se em fases devido a densidade.

O ambiente interno de um freezer é composto por um ar seco e frio que em contato direto com o alimento causa a desidratação e alteração de cor. Para que essas características não sejam alteradas, ele deve ser muito bem embalado. Sacos plásticos impermeáveis e vasilhas próprias para serem levadas ao freezer e ao microondas, hermeticamente lacradas, são o principais meios utilizados.

A data de validade é outro fator que deve ser sempre observado. Quando guardamos um alimento no freezer, deixamos ele lá até que nos dê vontade de comer. Esse comportamento pode trazer danos à saúde, pois mesmo congelados, os alimentos possuem prazo de validade. É importante anotar o dia que foi congelado e quanto tempo ele pode ficar ali.

Fica a dica: quando se tratar de líquidos ou alimentos mais pastosos, é preciso deixar espaço para o alimento se expandir, preferencialmente 2 centímetros da borda. Verifique se o recipiente está bem fechado para que não haja vazamento.

Embalagens para Congelar

  • Vasilhas plásticas que sejam próprias para serem levadas ao freezer e ao microondas.
  • Sacos plásticos, que sejam transparentes, impermeáveis e incolor, utilizados para guardar alimentos.
  • Vidros precisam de cuidado, dê preferência a vidros mais espessos ou temperados, pois há alimentos que se expandem, causando rachaduras e até a quebra do vidro. Uma dica é sempre guardar em quantidades menores que a quantidade que o recipiente pode armazenar. E quando for descongelar, passar na água corrente para que com o choque de temperatura o vidro não quebre.
  • Embalagens de alumínio, como as de pizzas e marmitas, servem, pois podem ir direto ao forno.

Alimentos que não são aconselháveis congelar

  • Claras em neve ou cozidas
  • Carne salgada e defumada
  • Creme de leite
  • Curau
  • Doces caramelados
  • Gelatinas
  • Leite fresco
  • Iogurte
  • Maionese
  • Ovos
  • Pudim de claras ou de leite condensado
  • Queijos
  • Receita com amido de milho
  • Saladas cruas
  • Macarrão sem molho
  • Frituras

Textos produzidos por Patrícia Aline Pereira da Silva