Pertencente à família dos Equidae, os Cavalos (Equus caballus), que já existem há aproximadamente quatro milhões de anos, são utilizados não só para o trabalho rural, como também para o lazer e para o esporte.

A corrida de cavalo, conhecida como Turfe, originária da Inglaterra, foi um dos primeiros esportes a chegar no Brasil. Mas hoje não é qualquer raça de cavalo que consegue competir e chegar a grandes velocidades. A raça Puro Sangue Inglês é a que marca presença na formação das principais raças modernas de cavalos para esporte, acompanhada pela Quarto de Milha e Árabe.

A corrida pode ser a longa ou à curta distância, e pode ocorrer com o jóquei montado, ou com os cavalos correndo atrelados à charretes e aranhas. Além de ser um esporte, a corrida de cavalos é responsável pelas grandes apostas e promove a importação e exportação de cavalos, criando um mercado ativo.

Mesmo com todas essas atribuições, os cavalos também desempenham o papel de animal de companhia. Não são agressivos, mas são capazes de sentir as nossas emoções. Por isso, podem ter alguma reação perigosa ao sentir que estamos com medo. Na verdade, eles são sensíveis e tranquilos com as pessoas com quem tem uma convivência maior e possuem um caráter sociável. Contudo, exigem muito tempo, dedicação e dinheiro dos donos e treinadores.

Morfologia dos Cavalos

Para participar de competições, os cavalos precisam estar sempre em bom estado de saúde e, para isso é importante conhecer um pouco melhor sobre sua morfologia e sobre os cuidados necessários.

Esqueleto

Assim como nos humanos, o esqueleto tem a função de suportar os músculos e os órgãos internos, além de proporcionar a mobilidade, devido às articulações, que permite ao cavalo se deslocar, deitar, pastar, etc.

O cavalo possui 210 ossos, além das articulações que também são formadas por ossos cobertos por cartilagem, constituídas por uma cápsula responsável por produzir um lubrificante sinovial, e pelos ligamentos que seguram os ossos.

Músculos

O corpo do cavalo é adaptado para a velocidade e os músculos possuem uma grande participação nesse requisito. Eles consistem em massas musculares que são ligadas aos ossos e aos tendões.

Tendões: Os tendões são os responsáveis por ligar os músculos aos ossos e à outros órgãos. Eles são protegidos por bainhas sinoviais, uma espécie de “capa protetora” para evitar o risco de fricção com o osso, que é constituída por películas finas e fibrosas.

Pele

A pele do cavalo é constituída por três camadas, a celular, sub-epitelial e sub-dérmica:

Celular: possui a capacidade de auto-recuperar, de acordo com o desgaste da superfície.

Sub-Epitelial: é onde ficam os sensores da dor, além de outras estruturas sensitivas.

Sub-Dérmica: é a camada da pele responsável por isolar a pele do osso ou do músculo, e onde se situam os folículos capilares.

Além dessas três camadas, os cavalos também possuem uma substância gordurosa, conhecida como sebo, segregado por glândulas sudoríparas que permitem a formação de uma camada impermeável, ou seja, protege o animal da umidade e do frio.

Ferração do Cavalo

Para manter um cavalo saudável é essencial ter cuidado com os cascos, que são nada mais nada menos do que uma unha muito grossa. O ideal é que o animal seja inspecionado por um ferrador de 6 em 6 semanas, independente de usar ferradura ou não.

Mas para que serve a ferradura?

A ferradura é utilizada com diversas funções: proteger o casco, diminuir o desgaste, aumentar a tração das patas, reduzir irregularidades na marcha e tornar o trabalho mais confortável para o animal. Ela é presa por cravos na parte de baixo do casco, conhecida como “morta”, portanto o cavalo não sente dor.

Métodos de Ferração  

A Frio: Na ferração a frio, as ferraduras possuem as mesmas medidas do casco, mas os ferradores podem fazer alguns acertos depois de colocadas.  

A Quente: Na ferração a quente, a ferradura é previamente aquecida e encostada no casco e as partes que ficarem “chamuscadas”, são as áreas que precisam ser corrigidas antes de ser colocada.

As ferraduras podem ser de aço, alumínio e plástico aderente. Existem também as ortopédicas e cirúrgicas, utilizadas caso o animal tenha algum problema ou doença.

Dentição do Cavalo

O cavalo, quando se torna adulto, possui 40 dentes e a égua 36, pois ela não possui os quatro caninos.

Distribuição dos dentes: 12 incisivos, 6 superiores, 6 inferiores, 4 caninos e 24 molares.

Quando ainda é um potro, o cavalo apresenta apenas 24 dentes (de leite), 12 incisivos e 12 molares. E essa dentição de leite vai apenas até os dois anos e meio. Depois disso, começam a ser trocados na ordem com que surgiram, além dos outros que não havia antes. Por volta dos 5 anos de idade, o animal já possui toda a dentição definitiva e é considerado adulto.

Como saber a idade do cavalo?

Idade	Características
*Estrela dentária: Pequena mancha castanha.
Seis anos	O esmalte já aparece e a mesa dentária (extremidade da parte livre) tem uma forma ovalada.
Oito anos	Os cantos inferiores e os incisivos inferiores já estão lisos e ovalados.
Nove anos	As pinças superiores já estão lisas e ovaladas.
Dez anos	Os médios superiores apresentam os mesmos sinais: lisos e ovalados.
Onze anos	Os cantos superiores se tornam lisos e ovalados.
Doze anos	O esmalte começa a desaparecer, a estrela dentária* é exibida, assim como as pinças arredondadas.
Treze anos	Os médios inferiores se tornam arredondados.
Quatorze anos	Todos os dentes já estão arredondados, e há apenas a estrela dentária nos incisivos inferiores.
Quinze anos	As pinças superiores contam apenas com a estrela dentária.
Dezesseis anos	Nos médios superiores há apenas a estrela dentária.
Dezessete anos	Todos os incisivos superiores estão arredondados e possuem a estrela dentária.

Limpeza do Cavalo

A limpeza do cavalo não é necessária apenas para manter a beleza e higiene, mas também para observar se há feridas, inchaços ou problemas físicos, para ativar a circulação, e além de tudo serve como um incentivo à relação de confiança entre o cavaleiro (quando é ele quem limpa) e o cavalo.

Materiais necessários para a limpeza

• 1 Cardoa (escova com pelos compridos e duros) – utilizada para a limpeza geral do pelo;
• 1 Brussa (escova com pelos curtos e macios) – utilizada para tirar o pó e a gordura do pelo;
• 1 Almofada para limpar as escovas;
• 1 Pente ou Escova de plástico para pentear a crina e a cauda;
• 1 Pano macio; Repelente de insetos; Compressas de algodão – quando molhadas são usadas para lavar os olhos, narinas e zona do ânus.

 Passo a Passo da Limpeza

• Caso o cavalo fique em um estábulo, é interessante limpá-lo fora desse espaço, para que o pó e os pelos não fiquem no seu interior. Com a Cordoa, limpe-o com gestos curtos e leves, de cima para baixo.
• Já com a Brussa, limpe-o com gestos curtos mais não tão leves.
• A cada 3 ou 4 passagens, limpe a Cordoa e a Brussa na almofada.
• Nas zonas onde os ossos são mais salientes, a passagem de escova deve ser mais leve.
• Molhe as compressas de algodão e lave os olhos, narinas e ânus.
• Se o cavalo for castrado, limpe a bragada com água morna.
• Penteie a crina e a cauda, e quando necessário, apare-as com tesoura de romba (Importante: não fique atrás do cavalo, puxe a cauda para o lado e, se preciso for, aplique produtos desembaraçantes).
• Por fim, aplique o repelente e passe o pano macio para limpar o pó e deixar o pelo brilhante.

Banho do Cavalo

De vez em quando é necessário sair apenas da limpeza e lavar o cavalo com água e xampu. Porém, não é interessante dar banhos em excesso, pois a pele demora para repor os óleos que a protegem, deixando o animal mais vulnerável ao frio. Prefira lavá-los nos dias quentes e ao ar livre. Ao aplicar o xampu ao longo do corpo, comece a esfregar pelos pés e por último o dorso. Para enxaguar, jogue a água primeiramente na parte de cima.

Alimentação do Cavalo

O aparelho digestivo dos cavalos acostumou-se a comer pouco, porém muitas vezes ao dia, e os cuidados com a nutrição animal, principalmente com aqueles que participam de competições e campeonatos, deve ser feita à risca. O programa nutricional deve ser adequado de acordo com a função desenvolvida pelo animal e a categoria da qual ele pertence.

Nutrientes Necessários para o Cavalo

Todo e qualquer tipo de cavalo para ter uma boa dieta, é necessário que nela contenha: Água, Hidratos de Carbono, Óleos e Gorduras, Carboidratos, Fibras (pelo menos 50% da dieta), Proteínas, Minerais e Vitaminas. Vale lembrar que, por ser um animal herbívoro é importante sempre incluir forragens na dieta, para que se mantenha um bom funcionamento do trato digestivo e para que possa alcançar os níveis de vitamina exigidos para a sua manutenção.

Como garantir uma boa alimentação

• Deixe água limpa e fresca sempre ao alcance do cavalo.
• Se, durante o dia, o animal realizar trabalho leve a médio, dê pelo menos duas refeições. Caso trabalhe pesado, aumente para três ou quatro refeições.
• Nunca se baseie no volume da comida e sim no seu peso. Esteja sempre pesando os alimentos e fique ciente da quantidade consumida pelo cavalo.
• Registre todas as mudanças de peso.
• Não faça mudanças bruscas na dieta do animal, para que ele não tenha problemas digestivos.
• Depois de dar uma refeição ao cavalo, dê a ele duas a três horas de descanso, e só o alimente uma hora após ter terminado o trabalho.
• Crie uma rotina de horários certos para alimentar o animal.

Tipos de Cavalo de Corrida

Puro Sangue Inglês

O Puro Sangue Inglês é a raça de cavalos mais indicada para competições de corrida, principalmente para longas distâncias, pois atingem a velocidade de maneira progressiva. Há muitos séculos as corridas de cavalo já eram praticadas na Inglaterra, mas afim de se obter cavalos ainda mais ágeis para corrida, foi feito um cruzamento que contou com a participação de três tipos de cavalos orientais: Darley Arabian, Godolphin Arabian e Byerley Turk, originando o Puro Sangue Inglês.

Além da sua velocidade e resistência, também é um bom saltador de obstáculos. Domina qualquer situação, é corajoso, altivo e valente. O Puro Sangue Inglês é um cavalo de muita classe e beleza, possui um porte médio - grande, com altura média de 1,65 m, pelagem castanha, azalã ou tordilha, perfil reto levemente ondulado, olhos grandes, orelhas médias, narinas elípticas e tem como principal andadura, o trote. Tem maior rendimento entre três e cinco anos. A maior velocidade registrada até hoje dessa raça foi de 77 Km/h.

Quarto de Milha 

A raça Quarto de Milha foi desenvolvida na América, por volta de 1600 e as raças que a originaram foram trazidas da Arábia, Turquia e América do Norte. Em corridas de curta distância são os mais ágeis, pois possuem boa arrancada, devido à potência dos glúteos fortemente desenvolvidos, atingindo a alta velocidade rapidamente. Também são ótimos para as provas de agilidade e equilíbrio.

Além de rápidas partidas, possuem alta capacidade para parar bruscamente, mudar de direção, e uma enorme habilidade de girar sobre si mesmo. É uma raça muito versátil, que pode atuar em várias categorias, tanto em corridas, como em provas de laço, rédea, tambor e baliza.

São cavalos compactos, com uma musculatura muito forte, tranquilos, dóceis e inteligentes. Possuem o dorso-lombo curto, membros anteriores curtos, membros posteriores longos, e altura média de 1,5 a 1,6 m.

Árabe 

Entre o Puro Sangue Inglês e o Quarto de Milha, o cavalo Árabe é o menos veloz, mas é uma raça muito resistente, portanto é mais utilizado em corridas de longa distância. Possuem participação em esportes hípicos como o salto, adestramento, hipismo rural e enduro.

Algo que diferencia bem essa raça é a cauda embandeirada (carregamento de cauda), que ocorre pela falta de uma vértebra. Seu tamanho médio é de 1,5 a 1,6 m. O cavalo Árabe é um animal rústico, dócil, dedicado, possui grande harmonia em suas formas, equilíbrio de movimentos e grande capacidade de aprendizado. Sua pelagem pode ser castanha, preta, tordilha e alazã.