Óculos LeituraO Modernismo marcou o início do século XX, sendo suas principais metas trazer a independência da cultura brasileira, novos estilos, características literárias e também uma maior liberdade para criar. Esta última pode ser vista, principalmente, na pintura.

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi a porta de entrada para esta nova escola no Brasil, mas antes disso, já existiam algumas manifestações modernas no período conhecido como Pré-modernismo. É comum que o Modernismo seja dividido em gerações, pois ele influenciou muitos autores e em cada uma delas os textos dos escritores passaram por um amadurecimento que trouxe novidades.

Destacam-se nesse período os seguintes escritores: Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego, Nelson Rodrigues e Rachel de Queiroz.

Clarice Lispector

Clarice Lispector (1920-1977) veio da Ucrânia para o Brasil quando bebê, fugindo das perseguições a judeus na Europa, durante a Guerra Civil Russa (1918-1921). No país, ela foi naturalizada, passou um período em Maceió e depois no Recife. Com a morte da mãe, em 1930, se mudou para o Rio de Janeiro. Na capital, ela ingressou na faculdade, cursou Direito, mas se interessou mesmo pela literatura, tendo contato com grandes intelectuais.

A publicação de seu primeiro conto, intitulado de o “Triunfo”, foi realizado pela revista “Pan”, em 1940. Posteriormente, foi redatora do "A Noite". Em, 1943, publicou o romance “Perto do Coração Selvagem”, sendo que recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha por causa dele. Ela trabalhou também na Agência Nacional, divulgando notícias sobre o Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas, após a morte do pai.

Ao se casar, em 1943, com Maury Gurgel, um diplomata, ela teve que morar em vários países. Passou um período na Itália, onde contribuiu como voluntária da Força Expedicionária Brasileira, durante a 2ª Guerra Mundial. Teve ainda dois filhos que nasceram entre 1948 e 1953. Em 1959, separou-se do marido e retornou para o Rio de Janeiro, passando a escrever para jornais.

Dentre suas obras mais famosas estão "A Hora da Estrela" (1977) e "Laços de Família" (1960). A escritora faleceu em 1977, por causa de um câncer no ovário.

Obras de Destaque

  • A Legião Estrangeira (1964);
  • A Paixão segundo G.H. (1964);
  • O Mistério do Coelho Pensante e Outros Contos (1967);
  • Água Viva (1973);
  • A Hora da Estrela (1977);
  • Quase de Verdade (1978).

Érico Veríssimo

Érico Veríssimo (1905-1975) nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de Cruz Alta. Seu prazer pela leitura, transformou Érico em um dos maiores escritores brasileiros. Durante sua infância, teve dificuldades para concluir os estudos, pois a família tinha poucas condições na época.

Ao longo de sua carreira, trabalhou na "Editora Globo", em farmácias, como desenhista, professor no exterior e como ajudante de comércio.

O primeiro livro do escritor foi publicado em 1932, com o título de “Fantoches”, além de “Olhai os Lírios do Campo” (1938), obra esta que foi adaptada para a televisão e o cinema. Dentre seus primeiros romances estão “Clarissa” (1933), “Música ao Longe” (1936) e “Um Lugar ao Sol” (1936). O autor costumava analisar obras de escritores antigos como Machado de Assis.

Das suas principais obras estão o “Tempo e o Vento”, transformada em trilogia e também o “Incidente em Antares”, de 1971.

Obras de Destaque

  • Saga (1940);
  • O Resto é Silêncio (1943);
  • O Tempo e o Vento - série literária dividida em O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961);
  • O Prisioneiro (1967);
  • Incidente em Antares (1971);
  • Clarissa (1933).

Graciliano Ramos

Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu no Alagoas, na cidade de Quebrangulo. Viveu em várias cidades nordestinas, mas, mudou-se, em 1914, para o Rio de Janeiro ao concluir o nível médio. Lá ele trabalhou como jornalista, no "Correio da Manhã", "A Tarde", "O Século", dentre outros. Retornou para o Alagoas, residindo na cidade de Palmeira dos Índios. Lá conheceu sua esposa, que morreu em 1920 e deixou quatro filhos. Se tornou prefeito da cidade, mas renunciou e foi morar em Maceió, onde ocupou o cargo de diretor da Imprensa Oficial. Nesse período, ainda conheceu Heloisa Medeiros e se casou com ela.

O escritor retornou para Palmeiras e criou obras famosas tais como Caetés, São Bernardo e Vidas Secas. Outro fatos marcantes que aconteceram em sua carreira, foi sua prisão, durante o governo de Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Ele foi acusado de participar da Intentona Comunista de 1935. Nesse momento, escreveu o livro Angústia. Quando saiu, trabalhou em jornal. Além disso, foi filiado ao Partido Comunista, em 1945. No ano de 1953, ele morreu de câncer de pulmão e, por isso, não chegou a concluir seu último livro, Memórias do Cárcere.

Obras de Destaque

  • Caetés (1933);
  • São Bernardo (1934);
  • Angústia (1936);
  • Vidas Secas (1938);
  • Infância (1945);
  • Histórias Incompletas (1946);
  • Memórias do Cárcere (1953).

Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa (1908-1967) foi um modernista que nasceu em Minas Gerais, em Codisburgo. Estudou diversos idiomas e cursou medicina, em Belo Horizonte, em 1930. No mesmo ano, casou-se com Lígia Cabral. Com ela teve duas filhas, mas seu casamento não durou. Exerceu sua profissão durante a Revolução Constitucionalista de 1932, fato que o ajudou a observar diversos costumes da população da cidade Itaguara, que contribuiu para a criação de seus textos.

Além disso, publicou contos, foi Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, em Barbacena, trabalho este que permitiu se dedicar à literatura. Posteriormente, se tornou diplomata, conhecendo sua segunda esposa, na Europa. Ajudou na fuga dos judeus, quando morava em Hamburgo, na Alemanha. Por esse fato, foi até homenageado após anos, em Israel. Foi impedido de retornar ao Brasil, por quatro meses, durante a 2ª Guerra Mundial, quando as relações entre Alemanha e Brasil foram cortadas. Os hábitos poucos saudáveis de Guimarães Rosa, o levaram a falecer em 1967. Com isso, chegou a tomar posse na Academia Brasileira de Letras por apenas três dias.

A sua obra mais popular é o "Grande Sertão: Veredas" (1956) que lhe rendeu o Prêmio Machado de Assis, da Associação Brasileira de Letras (ABL). Grande parte de suas obras retratam o sertão do Brasil, com histórias regionais e cercadas por realismo.

Obras de Destaque

  • Sagarana (1946);
  • Corpo de Baile (1956);
  • Grande Sertão: Veredas (1956);
  • Primeiras Estórias (1962).

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) nasceu em Recife e quando criança vivia nos engenhos de açúcar, por seu pai ser senhor de engenho. Mesmo pequeno, ele começou a identificar as desigualdades sociais existentes no país. Gostava dos cordéis e os lia para os empregados de sua casa. Ele trabalhou também como diplomata, em 1945, onde foi vice-cônsul e viajou para o Consulado Geral em Barcelona, Espanha. Inclusive, produziu um romance que retratava uma uma cidade espanhola. Ainda passou por vários países da Europa, morou um tempo em Brasília, em 1961, onde por pouco tempo foi chefe de gabinete do Ministro da Agricultura, Romero Cabral.

Sua obra mais importante foi "Morte e Vida Severina". Em 1968, ingressou na Academia Brasileira de Letras e ao longo de sua carreira como escritor, recebeu prêmios, sendo um deles o Prêmio Olavo Bilac, em 1955.

Dentre as características de seus textos estavam os diversos problemas do Nordeste do Brasil e tinha poemas rigorosos e objetivos.

Obras de Destaque

  • Pedra do Sono (1942);
  • Morte e Vida Severina (1966);
  • Agrestes (1985);
  • A Escola das Facas (1980);
  • Crime na Calle Relator (1987);
  • Sevilla Andando (1989).

Jorge Amado

Jorge Amado (1912-2001) é um baiano, natural da cidade de Itabuna. Morou também em Ilhéus, quando criança, onde foi alfabetizado. Com 10 anos, em 1922, ele já demonstrou talento para a literatura, com a criação de um jornal conhecido como “A Luneta” que levava para os seus conhecidos. A partir dos 14 anos, já iniciou sua carreira nos jornais.

Em 1931, foi para o Rio de Janeiro, onde iniciou a Faculdade de Direito e teve contato também com sua futura esposa Matilde Garcia, no qual teve uma filha, mas se separou em 1944. Ele também teve contato com o comunismo e por ter aderido a essa causa, foi exilado do país, após 1941. Teve participação na vida política, em 1945, tornando-se deputado federal de São Paulo. Ele participava do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ainda havia criado a lei que garante a liberdade ao culto religioso. Nesse período, casou-se também com Zélia Gattai, do qual viveu até o fim de sua vida.

Durante a Ditadura de Vargas, alguns de seus livros foram queimados e ele teve que ser exilado novamente em 1947. Morou na França com a família, mas foi expulso, seguindo para Praga, capital da República Checa. Ao retornar ao país, se dedicou mais à literatura.

Muitas de suas obras se transformaram em filmes, peças teatrais e novelas, além disso, elas foram traduzidas para vários idiomas. Ele recebeu os prêmios Jabuti (1959 e 1970) e o Prêmio Camões (1995), além ter sido membro da Academia Brasileira de Letras, em 1961.

Obras de Destaque

  • Suor (1934);
  • Seara Vermelho (1946);
  • O Subterrâneos da Liberdade (1954);
  • Gabriela, Cravo e Canela (1958);
  • Os Pastores da Noite (1964);
  • Tenda dos Milagres (1969);
  • Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966);
  • Tocaia Grande (1984);
  • O Sumiço da Santa (1988).

José Lins do Rego

José Lins do Rego (1901-1957) nasceu na Paraíba e viveu sob os cuidados de seu avô que morava no engenho. Iniciou seus estudos na capital e finalizou em Recife. Ele matriculou-se na faculdade de Direito, em 1920 e além disso, começou a escrever textos para jornais. Além disso, foi também fiscal de bancos e promotor público.

O primeiro livro do escritor foi “Menino de Engenho”, aceito por muitos críticos da época. Tornou-se conhecido dentro da literatura e também por obras marcadas pelo regionalismo e romances. Ele trabalhou também no Clube de Regatas do Flamengo, no Rio de Janeiro, por causa de sua paixão pelo futebol. A sua obra "Fogo Morto", de 1943, é uma das obras famosas do modernismo. José Lins faleceu em 1957, aos 56 anos.

Obras de Destaque

  • Menino de Engenho (1932);
  • Usina (1936);
  • História da Velha Totonha (1936);
  • Riacho Doce (1939);
  • Fogo Morto (1943);
  • Meus Verdes Anos (1956).

Nelson Rodrigues

Nascido na capital do Pernambuco, Nelson Rodrigues (1912-1980) herdou o talento de seu pai Mário Rodrigues que também era jornalista. Passou parte de sua infância em Recife, mas em 1916, a família teve que se mudar para o Rio de Janeiro, por causa de perseguições políticas.

Na cidade maravilhosa, o escritor começou sua carreira escrevendo em jornais aos 13 anos, como repórter policial, no jornal de seu pai. Trabalhou também em outros jornais como “O Globo”, “O Jornal” e a “Última Hora”. Em seus relacionamentos, casou-se em 1940, com Elza Bretanha, mas conheceu outras mulheres. Apesar disso, reatou com Elza em 1977.

Seu time de futebol preferido era o Fluminense, assim, após 1962, começou a produzir crônicas esportivas. O escritor fez sucesso também com a produção de textos para peças teatrais. Dentre os destaques estão o “Vestido de Noiva”, “Anjo Negro” e Álbum de Família”, sendo essas últimas censuradas devido às críticas religiosas incorporadas. Alguns de seus livros foram adaptados para a televisão tais como “Meu Destino é Pecar” e “Asfalto Selvagem - Engraçadinha...Seus Pecados e Seus Amores”; e também em filmes.

Obras de Destaque

  • Meu Destino é Pecar (1944);
  • Escravas do Amor (1944);
  • Núpcias de Fogo (1948);
  • Asfalto Selvagem - Engraçadinha...Seus Pecados e Seus Amores (1959);
  • O Casamento (1966);
  • Cem Contos Escolhidos - A Vida Como Ela é (1972).

Rachel de Queiroz

Raquel de Queiroz (1910-2003) nasceu no Ceará, em Fortaleza. Formou-se no curso normal, em 1925 e, posteriormente, trabalhou em jornais, com a criação de crônicas e poemas. Seus primeiros livros foram “O Quinze” (1930), que escreveu quando tinha 20 anos, narrando a história da luta dos nordestinos contra a seca e a fome. É considerada uma das obras famosas da autora e também, “João Miguel”, de 1932.

Um dos fatos curiosos que aconteceu com a escritora foi sua prisão em 1937, sob a acusação de ser comunista, devido a sua participação em reuniões do Partido Comunista. Foi agraciada com vários prêmios e inclusive, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Devido a doenças cardiovasculares, faleceu em 2003.

Obras de Destaque

  • O Quinze (1930);
  • O Galo de Ouro (1950);
  • O Menino Mágico (1969);
  • Dôra, Doralina (1975);
  • Memorial de Maria Moura (1992);
  • Nosso Ceará (1997).

Escritor Português: Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888-1935) nasceu em Portugal e é considerado um dos precursores do movimento modernista em seu país. Houve um período em que viveu na África do Sul e aprendeu inglês - tanto é que muitas de suas obras foram escritas neste idioma. Ele também trabalhou como crítico literário, jornalista, editor e tradutor. Após 1901, começou a produzir poemas na língua inglesa, mas ao receber influência de escritores portugueses, começou a investir no português. Assim criou poesias, romances, contos e prosas. O escritor faleceu em 1935, aos 47 anos.

Dentre as características marcantes de sua obra está a criação de heterônimos para escrever textos, ou seja, cada um dos personagens criados por ele tinham um estilo próprio e uma personalidade. Assim, pode-se citar Álvaro de Campos, marcado pelo futurismo e o simbolismo; Alberto Caeiro, com poesias simples; e Ricardo Reis, que seria um médico poeta e defensor da monarquia que vivia no Brasil.

Obras de Destaque

  • O Guardador de Rebanhos (1925);
  • Mensagem (1934);
  • Livro do Desassossego (1984);
  • O Banqueiro Anarquista;
  • O Marinheiro.

Textos produzidos por Stephanie Cristhyne A. da Silva