FichárioA história da classificação biológica recebeu a contribuição de diversos estudiosos. Dentre os principais estão Aristóteles e Carl Von Linné. A criação de um sistema capaz de classificar os seres vivos evoluiu e continua em desenvolvimento.

É importante entender que os estudiosos do tema, adotam determinados critérios para inserir uma espécie dentro de uma categoria específica, a fim de facilitar o estudo da classificação. Esses critérios podem variar de acordo com as novas descobertas e espécies que surgem. No início, para ser considerado do reino animal ou vegetal, o organismo deveria se mover ou não, depois o passado evolutivo de uma espécie se tornou um item primordial dentro da classificação.

Aristóteles e os Estudos com Animais

De acordo com os registros, escritos por volta do século 4 a.C., a história da classificação começou com Aristóteles (384-322 a.C.). Ele foi um filósofo grego de referência para esses estudos Como não existiam os microscópios, os estudiosos da época somente conseguiam analisar os organismos a olho nu. Em suas observações constatou que alguns deles possuíam características em comum e, a partir daí, percebeu que eles poderiam ser classificados em uma hierarquia ou escala.

Assim, ele dividiu os grupos de organismos com base em dois critérios: as plantas eram classificadas como seres que não se moviam e os animais, por aqueles que se moviam. Focou no estudo com os animais, tanto é que escreveu o livro Historia Animalium, em que descreveu animais, chamando-os de espécie. Criou as categoriais dos mamíferos e das aves, além disso, dividiu os seres em invertebrados e vertebrados.

Além dele, seu discípulo Teofrasto (371 - 287 a.C.) focou em pesquisas com plantas, de onde publicou a Historia Plantarum e De Causis Plantarum. Classificou as plantas de acordo com o seu crescimento e demais características. Além disso, pesquisou sobre as ervas medicinais, a madeira e também suas utilidades.

Os Avanços Microscópicos e a Descoberta de Novas Espécies

Novas descobertas com relação ao tema começaram a surgir novamente após 1665, quando o inglês Robert Hooke, um cientista, descreveu uma célula ao observar uma cortiça em um microscópio de luz. Contudo, foi Antonie van Leeuwenhoek, o cientista holandês que também era um construtor, auxiliou no desenvolvimento dos microscópios e foi o primeiro a visualizar vários microorganismos. Com essa novidade, os cientistas precisavam descobrir uma forma de classificar as espécies encontradas.

A Classificação de Carl Von Linné

Carl Von Linné (Carolus Linnaeus) foi um botânico sueco que criou um dos sistemas mais famosos de classificação. Seu método se tornou famoso internacionalmente e a obra que apresentou seus conceitos ficou conhecida como Systema Naturae (Sistema Natural) que recebeu várias atualizações. A partir de 1730, ele iniciou a criação de catálogos de espécies animais e de plantas. Ele acreditava no criacionismo, em que os seres vivos foram criados de forma divina e, portanto, não podiam mudar com o passar do tempo. Esse pensamento ficou conhecido como fixismo.

Ele definiu que os seres seriam classificados dentro de três reinos: Animal, Vegetal e Mineral (que foi excluído posteriormente). Em sua classificação, os animais eram aqueles que se moviam e podiam fugir de predadores ou se alimentar, como por exemplo, mamíferos, répteis, aves, peixes, insetos e vermes. Já o das plantas era composto por organismos que tivessem parede celular, com raízes e outras características.

Posteriormente, a partir da taxonomia criada por ele, novos estudos surgiram e com isso, novos questionamentos.

Evolução por Seleção Natural

Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, cientistas ingleses, após 1858, divulgaram seus estudos sobre a evolução por meio da seleção natural. A partir daí, uma nova etapa para a classificação biológica iniciou. Na obra de Darwin, publicada em 1859, no livro ‘A Origem das Espécies’ (On The Origin of Species), chamado em sua primeira edição de ‘Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural’ foi apresentada a Teoria da Evolução. O livro passou por várias edições e contribuiu também com os estudos da Biologia, inclusive, no de classificação dos seres vivos.

Assim, além de considerar a morfologia e estruturas das espécies semelhantes, foi adicionado também as relações de parentesco evolutivo. Para isso, foi necessário a construção da filogenia dos grupos, sugerindo novos sistemas (conhecidos como sistemas naturais) que utilizassem a evolução desses seres vivos como critério de classificação.

Novos Reinos e Classificações

Havia ainda a dificuldade de classificar organismos com história evolutiva parecida, mas com características diferentes e que não podiam estar presente no mesmo reino. Por isso, John Hogg, sugeriu em 1866, a criação de um novo reino, conhecido como Protoctista, para seres que não podiam ser classificados dentro do Reino das Plantas ou dos Animais. Em 1866, o biólogo alemão Ernest Haeckel propôs o termo Protista para este reino e agrupou em 1894 e 1904, os seres unicelulares e também as bactérias (nomeada por ele de Monera) neste grupo.

O aparecimento do microscópio eletrônico possibilitou uma classificação mais ampla com relação aos estudos dos seres vivos. Uma delas foi sugerida por Herbert Copeland, que em 1936, classificou os seguintes reinos:

Monera (bactérias), Protoctista (Protozoários, algas e fungos), Plantae (Plantas) e Animalia (Animais).

Já em 1959, Robert H. Whittaker, sugeriu que houvesse também uma divisão no reino dos vegetais e assim, propôs o reino dos Fungos. Com isso se formaram os cinco reinos:

Monera (bactérias e cianobactérias), Protista (protozoários e algas unicelulares), Fungi (fungos), Plantae (plantas e algas multicelulares) e Animalia (Animais).

Apesar dessa classificação ter sido aceita, novas revisões foram feitas para se adaptar ao critério da filogenia.

Surgimento da Sistemática Filogenética

Na década de 50, surgiu uma nova escola de classificação a Escola Filogenética, também conhecida como Cladística ou Sistemática Filogenética. Esse novo método de classificação se apoiou nas relações evolutivas. Um dos principais autores do tema foi Willi Henning.

A partir da década de 70, os cientistas estavam mais acostumados com a introdução da sistemática filogenética, além das novas descobertas proporcionadas pela biologia molecular e o aprimoramento do microscópio. Neste contexto, é importante citar a contribuição de dois autores: Carl Woese e Lynn Margulis.

Em 1977, o microbiologista norte-americano Carl Woese, apresentou uma categoria taxonômica onde os reinos seriam agrupados dentro do Domínio, baseando-se na análise de moléculas de RNA (que formam os ribossomos) presente nos seres vivos. No Domínio, os seres eucariontes foram incluídos no Domínio Eucarya (formado pelos eucariontes). Além dele, criou outros dois: o Domínio Bacteria (formado pelas bactérias) e o Domínio Archae (formada pelos organismos procariontes). Assim, de acordo com sua proposta, os reinos Monera e Protista deixariam de existir. Esta classificação ficou conhecida como Sistema de Três Domínios e a partir de 1990, conquistou a aceitação de muitos cientistas.

Em 1982, as pesquisadoras Lynn Margulis (que desenvolveu a Teoria da Endossimbiose) e Karlene Schwartz publicaram uma proposta de árvore filogenética, modificando algumas classificações. Os reinos seriam Monera (com os sub-reinos Eubacteria e Archaea) e haveria também o Protoctista, Plantae, Animalia e Fungi. Tanto essa proposta, quanto a de Whittaker foram considerados por muitos autores a partir da década de 80 até o surgimento de outros métodos, tais como o de Carl Woese.

Classificação Biológica Moderna

Até Lineu, o objetivo da classificação era simplesmente organizar e identificar as espécies para facilitar os estudos. A partir das novas descobertas, a classificação moderna passou a utilizar os princípios de Darwin, apoiada na teoria da evolução e da seleção natural. Assim, as espécies são agrupadas conforme a proximidade filogenética, de acordo com o grau de semelhança com seu ancestral.

Obs.: essa área da Biologia está em constante transformação, principalmente, com os avanços. Por isso, é frequente haver discordâncias entre uma proposta e outra de cientistas.

Atenção

Esses estudos só foram possíveis com os avanços da microscopia e da biologia molecular, além disso, a partir do surgimento de outras espécies, os métodos de classificação poderão ser aprimorados e até mesmo alterados, como percebe-se na história da classificação dos seres vivos.

Textos produzidos por Stephanie Cristhyne A. da Silva