A matemática financeira está em todos os lugares e há indícios dela desde a Antiguidade. No cotidiano, um simples cálculo de juros, no pagamento de uma fatura de cartão de crédito vencido ou em um financiamento para a compra de um carro pode utilizar a matemática para resolver essas questões.
Nas empresas, ela também é muito útil e uma ferramenta ideal para a gestão das finanças.
A matemática financeira pode ser definida como aquela que estuda, em especial, as evoluções do dinheiro no decorrer do tempo. Suas principais aplicações estão no cálculo dos lucros e prejuízos de uma empresa, cálculo de juros, investimentos, inflação e outros problemas que surgem no ambiente financeiro.
Importante ressaltar que essa matemática não é privilégio dos donos de empresa ou contadores, mas pode ser usada também no dia a dia e em várias áreas diferentes. Ou seja, não são apenas os profissionais da área financeira a utilizá-la, mas pessoas comuns, em diferentes fases da vida. Um exemplo disso acontece quando uma pessoa vai comprar uma televisão em uma loja de eletrodomésticos e compara seu valor com o da concorrente. Para decidir qual a melhor e com maior custo benefício, esta terá que calcular os juros e o valor que custará quando acrescidos do valor original da TV.
O juro surgiu, em especial, da relação entre tempo e dinheiro. Os povos da Babilônia, por exemplo, utilizavam sementes para pagamento dos juros. Ele significa o valor cobrado a partir de um empréstimo de dinheiro. Nele, há a taxa de juros, que é a taxa que incide sobre o valor emprestado e pode ser calculado de duas formas: juros simples ou juros compostos.
Assim como a matemática, esse ramo existe desde o início da humanidade, sem ela, muitas ações seriam difíceis de serem realizadas, sendo uma das ferramentas que auxilia nas atividades dos seres humanos. Os sumérios, por exemplo, utilizaram pedras de argila para escrever cálculos que são semelhantes aos que existem na atualidade. Na Idade Média, era útil nas transações comerciais entre os países, mas difícil de ser executada, por isso, surgiram os cambistas para administrar essas relações.
Em 3000 a.C., acredita-se que essa civilização utilizava tábuas para registros de suas operações matemáticas. Foram encontradas aquelas com registros do que atualmente são conhecidos como recibos e faturas, por exemplo. As tábuas indicavam noções de operações matemáticas como o sistema de pesos e medidas, divisão, multiplicação e exponencial, também usada para calcular juros compostos. Além disso, como o sistema econômico se baseava em trocas, os juros eram calculados em cima da colheita. Por exemplo, aquele que pedisse empréstimo para plantar uma safra, na colheita seguinte, deveria realizar o pagamento com aplicação de juros.
Esses povos, habitantes do Oriente Médio, criaram o antigo sistema de numeração que foi adaptado ao longo do tempo e transformado no sistema indo-arábico.
Os bancos surgiram no mundo antigo. Há indícios deles em Roma, na Babilônia, na Pérsia e outras civilizações. Até a Igreja Católica criou seu próprio banco e, durante a Idade Média, impediu a prática de usura, ou seja, o pagamento de empréstimos a juros.
No início, além de bens, ouro e prata eram comercializados. Depois, os países começaram a comercializar seu próprio dinheiro. Esse dinheiro circulava apenas dentro do país, fato que gerava problemas quando se tratava dessa relação com outras nações. Uma das soluções foi o aparecimento dos cambistas que, posteriormente, se tornaram homens tão ricos que foram capazes de emprestar e guardar dinheiro. Eles eram a forma mais segura de mantê-lo protegido. Com aumento de sua procura, criaram estratégias de como deveria ser pago os empréstimos, bem como, ser feita a manutenção do dinheiro de terceiros. Eles ganharam o título de banqueiros, inclusive, a palavra banco (escritório) é de origem italiana, que remetia aos banqueiros judeus de Florença, que utilizavam uma mesa com um pano para trabalhar. Os bancos começaram a crescer a partir do século XIII e tiveram um avanço entre os séculos X e XV. Pode-se dizer então que, a matemática financeira está diretamente ligada a essa história, pois eles auxiliaram-na em seu desenvolvimento.
Com o desenvolvimento da atividade comercial, bem como da educação, surgiram diversos textos sobre aritmética, - área da matemática que trata dos números e suas operações - fato que aumentou a importância da matemática financeira e comercial. Por esse motivo, foram produzidos livros importantes tais como a Aritmética de Treviso, Aritmética de Pierro Borgui e Aritmética de Felippo Calandri.
Em 1478, surgiu a primeira publicação que tratava da matemática voltada para o comércio, aplicada ao escambo.
Escambo: antes do dinheiro ser criado, a matemática financeira já fazia parte da vida das pessoas. O sistema utilizado na antiguidade era o escambo, onde se faziam trocas de mercadorias.
Foi publicado o livro Aritmética Comercial, na Itália, de Pierro Borgui. Obra importantíssima para o desenvolvimento do tema, por focar na área comercial, tanto é que teve pelo menos 17 edições.
Foi essencial para a matemática financeira por ser pioneiro na criação de problemas ilustrados. Nele também foram encontrados registros do processo de divisão utilizado na modernidade.
Desde as trocas de mercadorias até a origem do dinheiro, a matemática financeira evoluiu, se tornou mais complexa e foram criadas novas fórmulas para a resolução dos problemas.
Para os leigos, saber a importância da matemática financeira para a vida é uma das principais questões a serem resolvidas. Alguns consideram-na obrigatória apenas para empresários ou profissionais que trabalham com questões financeiras, mas com a evolução e constantes crises que afetam o mundo, fez-se necessário, pelo menos, ter noções do que ela significa.
Uma simples dona de casa, por exemplo, ao comprar um móvel, pode utilizar a matemática financeira. Se esta tiver conhecimento, não será enganada com possíveis ofertas de vendedores. Até mesmo porque, diversas lojas poderão ofertar parcelas altas, juros altos ou baixos e valores diferentes para cada tipo de produto.
Outros exemplos do uso da matemática está no cálculo de descontos e em questões de provas de concursos públicos.
Textos produzidos por Stephanie Cristhyne A. da Silva