As cantigas de roda, também chamadas de cirandas pelo costume de serem entoadas em brincadeiras infantis formadas em círculo, fazem parte do folclore brasileiro e são frequentemente executadas em escolas, parques e outros espaços.
Elas são conhecidas por serem músicas extremamente simples para serem executadas e coreografadas, com rimas que facilitam a memorização e compreensão. De cunho popular, as cantigas foram criadas e transmitidas de geração em geração, utilizadas para representar alguma brincadeira, ou simplesmente para serem cantadas como uma forma de diversão.
Geralmente, as cantigas de roda são criadas por anônimos e frequentemente modificadas e adaptadas à novas músicas e melodias.
Por serem adaptações de canções existentes em uma certa época, portando de autoria indefinida, as cantigas de roda são de domínio público, ou seja, pertencem às tradições de um povo. As letras são baseadas em peças folclóricas e mergulhadas na temática infantil, tornando-se elementos fundamentais para o enriquecimento cultural.
O surgimento das cantigas de roda está completamente atrelado ao aspecto cultural brasileiro. Porém, os fatores de sua origem estão ligados aos países europeus como Portugal e Espanha, incorporando elementos também da cultura africana e indígena.
Não existem indícios capazes de detectar com precisão a data e os responsáveis pela criação de algumas cantigas. Elas são modificadas e readaptadas de acordo com a realidade do grupo de pessoas que as canta, ou também de acordo com a característica da cultura local. Constantemente são criadas novas cantigas de roda em todo o Brasil.
De acordo com os estudos de Luís da Câmara Cascudo, um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil, as cirandas são transmitidas oralmente, abandonadas em uma geração e reerguidas em outra. Elas tornam-se populares à medida que as crianças usam essas músicas, criando um retrato da própria nação. Além de serem extremamente importantes para o desenvolvimento cultural, descrevendo os costumes, festas, comidas, flora, fauna e crenças típicas de uma localidade, elas estabelecem uma interação entre o imaginário infantil e a realidade.
Uma das características mais comuns nas cantigas de roda é o uso de uma letra simples, de fácil memorização, repleta de rimas, repetições, trocadilhos e trava-línguas. Os temas mais retratados são a vida de animais, utilizando episódios fictícios para comparar a realidade humana à realidade daquela espécie, histórias engraçadas e divertidas representadas por objetos que criam vida ou as que falam de amor.
Destacam-se também, em relação ao repertório das cantigas de roda, as canções que falam de violência ou medo. Essas músicas, com o passar dos tempos, sofreram algumas alterações, pois as pessoas se preocuparam com a influência e o poder de induzir a mente da criança. Um exemplo é a modificação da cantiga “Atirei o pau no gato”, onde o maltrato aos animais é identificado como uma atitude ilegal e criminosa.
Quem vai fazer uma festa de aniversário para o filho, pode escolher várias cantigas de roda para tocar. Aproveite e confira informações sobre Festas Infantis em Brasília.
Atualmente, algumas escolas utilizam técnicas de incentivo ao resgate das cantigas de roda, atividade tão esquecida nos dias de hoje. Um dos motivos para o distanciamento entre essas atividades antigas e a realidade infantil atual é a ausência constante de espaços seguros e adequados para o lazer das crianças.
Contudo, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento social, emocional e cultural, professores passam a fazer uso de encenações dos temas de uma canção, ou da representação por meio de coreografias em espaços como colégios e creches, oferecendo projetos que tornam possível a interação do aluno com esse elemento tão construtivo do folclore brasileiro.
As cirandas permitem que a criança preste atenção e fique concentrada na história contada pela música, além de ser uma excelente ferramenta para a expressão da comunicação entre alunos de variadas idades. Há também a consolidação de vínculos afetivos entre as gerações, como o neto que aprende as canções com os avôs.
Apesar de não ter uma presença unânime nas instituições, alguns profissionais inserem as cantigas de roda como exercícios de classe, ou como um segmento da musicoterapia, pois auxiliam nas habilidades cognitivas como o aprendizado da leitura de versos, desenvoltura dos movimentos do próprio corpo e a musicalidade da voz.
A prática das cantigas em brincadeiras de roda ultrapassa o conceito de entretenimento. O contato do aluno com esta atividade é extremamente importante, pois além de propagar o folclore e a cultura de uma determinada região, ela está relacionada ao estímulo da imaginação, criatividade, concentração e memória.
Confira alguns métodos utilizados por especialistas para desenvolver tipos de linguagem como a sonora, corporal e verbal por meio das cantigas de roda:
Textos produzidos por Lorena Rodrigues dos Santos Pereira
Revisados por Cristiana Chieffi