Vida BucólicaO Arcadismo foi um movimento literário que antecedeu o Romantismo. A palavra faz referência à uma região chamada Arcádia, na Grécia Antiga, onde prevalecia a arte através dos poemas. Surgiu na Europa, no século XVIII e também era chamado de Neoclassicismo ou Setecentismo, sendo algumas de suas características a valorização da natureza, críticas ao modo de vida do período e suas classes sociais (burguesia, nobreza e clero), temas como a mitologia grega e priorização de uma vida simples.

No Brasil, marcou a segunda metade do século XVIII, no contexto do ciclo do ouro, em Minas Gerais e também, durante a disseminação do iluminismo no país, que influenciou diversos intelectuais da época. Alguns temas foram priorizados como o índio, as paisagens brasileiras e alguns episódios que fizeram parte da história do país. Dentre os poetas de destaque do Arcadismo estão Tomás Antônio Gonzaga, Claudio Manuel da Costa e Basílio da Gama.

Arcadismo

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) foi um dos grandes escritores do Arcadismo. O poeta nasceu em Portugal, mas viveu no Brasil. Fez Direito na Universidade de Coimbra, e se transformou Ouvidor-Geral da Comarca de Vila Rica, em Minas Gerais, em 1782. Se destacou na literatura pelos seus poemas. Um deles, influenciado por Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, que para alguns estudiosos era a musa do poema “Marília de Dirceu”. Além disso, escreveu o poema “Cartas Chilenas”, uma crítica ao governo do período. Nessas cartas, ele utilizou um pseudônimo (Critilo) para que não fosse descoberta a sua autoria. E, elas eram destinadas a um amigo, chamado de Doroteu.

Um dos fatos marcantes da vida do poeta foi sua prisão em 1789, onde foi acusado de participar da Inconfidência Mineira. Ele teve que cumprir sua pena na Ilha das Cobras, localizada no Rio de Janeiro, além de passar mais de 10 anos em Moçambique, para concluir a pena. Suas poesias se destacavam por conter traços da vida bucólica e evidenciava a natureza, bem como faziam críticas ao regime colonial. Ele está entre um dos patronos da Academia Brasileira de Letras, ou seja, foi homenageado com uma das cadeiras por contribuir com a cultura do Brasil.

Obras em Destaque
  • Marília de Dirceu (1792);
  • Cartas Chilenas (escrito pouco tempo antes do episódio da Inconfidência Mineira);
  • Tratado de Direito Natural (criado no fim do século XVIII, mas publicado apenas em 1942).

Cláudio Manuel da Costa

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), assim como Tomás, também é um dos patronos da Academia Brasileira de Letras. O poeta nasceu em Minas Gerais. Formou-se em Cânones, na Universidade de Coimbra, em Portugal, e foi funcionário do governo, jurista e advogado. Influenciado pelos ideais iluministas, começou a criar os seus primeiros versos. Ele utilizava o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, em seus sonetos.

Acusado de participar da Inconfidência Mineira, foi preso, mas encontrado morto em 1789. Afirmou-se na época que ele havia cometido suicídio, mas alguns acreditam que foi um assassinato.

Obras de Destaque

  • Culto Métrico (1749);
  • Munúsculo Métrico (1751);
  • Epicédio (1753);
  • Vila Rica (1773).

Basílio da Gama

Basílio da Gama (1741-1795) nasceu em São José do Rio das Mortes (Atual Tiradentes - MG). Seu pai era um português e sua mãe brasileira. Ao morar no Rio de Janeiro, ficou órfã de pais. Ele ingressou na Companhia de Jesus, em 1757, mas quando os membros da Companhia foram expulsos do país, por causa do Marques de Pombal, o poeta teve que ir para Portugal, e posteriormente para Roma, onde ingressou na Arcádia Romana, uma sociedade literária criada em 1690.

De volta a Lisboa foi preso e acusado de jesuitismo. Foi também condenado ao degredo na África, mas por causa da criação de um epitalâmio à filha do Marquês, Dona Maria Amália, ele foi perdoado. Uma de suas marcas nos poemas era a utilização de pseudônimo, cujo nome era Termindo Sipílio.

Obras de Destaque

  • O Uraguai (1769);
  • Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona Maria Amália (1769);
  • Quitúbia (1791).

Textos produzidos por Stephanie Cristhyne A. da Silva