Doenças CardíacasAs doenças cardíacas são definidas como todas as doenças que atingem o sistema circulatório (coração, artérias, veias e vasos capilares). São doenças muito comuns e perigosas que atingem a população brasileira. Muitas vezes a pessoa sofre com um problema cardíaco, mas desconhece a doença porque não faz exames de rotina ou não vai ao médico regularmente.

O coração é um órgão vital, não há como viver sem, o batimento é vida. Mas junto com ele, por diversos fatores, vêm as doenças cardíacas, e muitos desconhecem sua gravidade. Porém, são as que mais atingem a população e levam ao óbito.

É o resultado de uma sociedade totalmente industrializada, que não possui uma vida saudável e mantem hábitos inadequados como alimentação incorreta, falta de atividades físicas, vida acelerada e estresse. Existem também fatores genéticos e problemas que não podemos controlar, mas o principal cuidado que precisamos ter é estar com a nossa saúde em dia, pois os descuidos podem causar problemas anos depois.

Para tomar algumas precauções é preciso entender melhor. Veja aqui um pouco mais sobre o coração, quais são os tipos mais frequentes das doenças cardíacas, os fatores de risco, como cuidar da sua alimentação para evitar maiores complicações e como prevenir.

Fatores de Risco - Doenças Cardíacas

São vários os fatores de risco para doenças cardíacas que são classificados como imutáveis e mutáveis.

Fatores de Risco Imutáveis

Herança Genética: pessoas que possuem um histórico familiar de doenças cardíacas, estão muito propensas a desenvolvê-las.

Idade: o aumento da idade se associa a muitas mudanças no organismo que influenciam nos fatores de risco. A maioria dos casos ocorre com pessoas acima de 65 anos; mas, para os homens, o risco começa a partir dos 45 anos, e, para as mulheres, 55 anos.

Sexo: Os homens possuem mais chances de ter doenças cardíacas e, principalmente, o ataque cardíaco. 

Fatores de Risco Mutáveis

Colesterol elevado: Quanto maior for o nível de colesterol (LDL) no sangue, maior é o risco, pois contribuem para o entupimento das artérias, veias e vasos, um dos fatores que mais contribuem para as doenças cardíacas.

Pressão arterial alta: A pressão arterial é uma tensão gerada na parede das artérias, e o coração precisa realizar um trabalho maior quando a pressão está elevada. Com o tempo, esse procedimento vai hipertrofiando o músculo cardíaco, que se dilata e fica mais fraco conforme o tempo.

Obesidade: a obesidade faz com que haja um esforço maior do coração, o nível de colesterol aumenta, a pressão arterial também, correndo o risco de ter trombose pelo longo tempo de imobilidade e pelos altos níveis de homocistina no sangue.

Sedentarismo: provoca o desuso regular dos sistemas funcionais; os órgãos entram em um processo de regressão funcional. As chances de adquirir obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto, é muito alto para quem não praticaa atividades físicas.

TabagismoFumo: a nicotina aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, atua na elevação do colesterol e provoca o aumento da coagubilidade do sangue. O risco de um fumante ter uma doença cardíaca é duas vezes maior do que um fumante passivo (não fumante), sem contar que, gestantes com histórico de fumantes correm o risco de terem filhos com doença cardíaca congênita.

Diabetes: é um nível elevado de glicose no sangue que agride as artérias que levam o sangue até o coração. Quando muito agredidas provocam as doenças cardíacas. A diabetes também contribui para o agravamento da hipertensão e do colesterol alto.

Alcoolismo: grandes quantidades de álcool provocam lesões no coração, sendo o ponto de partida de muitas doenças cardíacas. Provoca inúmeros problemas, não só cardíacos: arritmias, AVC, tromboses, câncer, amnésia, inflamações no fígado, esôfago, estômago, entre outros.

Estresse: é um grande meio para obter altos níveis de pressão arterial, afeta o sistema nervoso, e também, como consequência, influência na má alimentação, no uso de álcool e tabaco.

Anticoncepcionais Orais: para mulheres que já possuem um diagnóstico de hipertensão e diabetes, ou fumantes, o uso dos anticoncepcionais orais pode ser um risco ainda maior para doenças cardíacas.

Prevenção de Doenças do Coração

A prevenção das doenças cardíacas devem se iniciar aos 20 anos. E nos pacientes com 40 anos ou mais, recomenda-se que os médicos calculem qual o risco de contrair uma doença nos próximos 10 anos, para que os cuidados sejam redobrados.

As doenças cardiovasculares, muitas vezes, são herdadas geneticamente. Procure saber o seu histórico familiar e esteja atento, pois você pode estar totalmente propício. Faça exames com grande frequência, pois nem todas as doenças possuem sintomas perceptíveis ao paciente, ou quando percebem, já está em um nível avançado.

Os principais fatores de risco para as doenças cardíacas incluem a pressão arterial alta, o colesterol elevado, sedentarismo, obesidade, diabetes, tabagismo e alcoolismo.

Como Prevenir?

- Estabilidade correta da pressão sanguínea: sempre abaixo de 140/90 mm Hg;

- abaixo de 130/85 mm Hg- para pessoas com lesão renal ou insuficiência cardíaca; 

- abaixo de 130/80 mm Hg - para pessoas com diabetes.

  • Diminua o colesterol para o nível adequado (individual), que é baseado no cálculo do risco pessoal;
  • Pratique pelo menos 30 minutos diários de atividade física, ou em dias alternados. O exercício físico é essencial para a vida saudável;
  • Alcance e mantenha o peso ideal, pois o peso inadequado é um importante fator de risco;
  • Mantenha uma alimentação saudável;
  • Regule o nível de açúcar e gordura no sangue;
  • Corte o consumo de fumo e álcool;
  • Para prevenir doenças como a TVP, é adequado não ficar na mesma posição durante muito tempo, caso trabalhe sentado, levante periodicamente. Caso corra realmente o risco, tome anticoagulantes;
  • Para quem tem fibrilação atrial, indica-se o uso de antiagregantes e anticoagulantes;
  • Para pessoas que possuem um risco maior para doença coronária, o uso da aspirina em baixas doses é recomendado.

O tratamento das doenças cardíacas depende do caso e do nível em que a situação esteja. Para os níveis mais simples, o acompanhamento médico junto com a medicação adequada e com a prática de alguma atividade específica, há como manter quadro estável ou ajudar na cura do problema. Para os níveis mais complexos, é preciso a intervenção cirúrgica, seja com práticas reparadoras, paliativas e até mesmo o transplante.

Funcionamento do Coração

Para entender melhor sobre as doenças cardíacas, é preciso entender como funciona o coração:

O coração é um órgão muscular, oco, que se situa na cavidade torácica, entre os dois pulmões. Seu funcionamento é involuntário, e possui um sistema independente. O sistema nervoso age no sentido de adaptar seu funcionamento às necessidades dos órgãos ao redor. É formado por duas cavidades, direita e esquerda, e essas duas possuem mais duas cavidades, os átrios (superiores) e os ventrículos (inferiores). Os átrios e os ventrículos trabalham juntos, se contraem e relaxam alternadamente para bombear sangue pelo coração.

Funciona como uma bomba, que recebe o sangue das veias e impulsiona para as artérias.

Átrios: Recebem o sangue das veias.

As veias pulmonares transportam ao átrio esquerdo o sangue “limpo” que já foi oxigenado pelo pulmão, e as veias cavas, transportam para o átrio direito o sangue com resíduos.

⇒ Ventrículos: ao se contraír, bombeiam o sangue do coração para as artérias.

O ventrículo esquerdo alimenta a aorta (envia sangue para todos os órgãos, principal artéria), e o direito alimenta a artéria pulmonar (envia o sangue aos pulmões).

Artérias: são vasos sanguíneos que possuem a função de transportar o sangue a partir dos ventrículos, para todas as partes do copo.

⇒ Veias: fazem o caminho contrário, transportam o sangue para os átrios do coração.

O coração tem 4 válvulas, que possuem a função de fazer com que o sangue siga sempre a direção dos átrios para os ventrículos:

  • Válvula Mitral: localiza-se entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo;
  • Válvula Tricúspide: localiza-se entre o átrio direito e o ventrículo direito;
  • Válvula Aórtica e Válvula Pulmonar: localizam-se entre os ventrículos e os principais vasos sanguíneos que partem do coração.

Doenças Cardiovasculares

Angina

A angina (angina pectoris) é causada pelo estreitamento das artérias (que levam o sangue ao coração). Devido a deficiência na irrigação sanguínea, o coração não recebe oxigênio e os nutrientes de forma correta. O coração dói no centro do peito por estar recebendo menos sangue que o necessário.

Os principais sintomas da Angina são as dores e a pressão no peito durante uma atividade física, durante o repouso ou durante o sono (as dores podem ocorrer também no braço e na nuca). As dores podem aumentar por influência da temperatura, estresse ou estômago cheio. Para evitar o acúmulo de gordura nas artérias é imprescindível praticar atividade física e se alimentar corretamente.

Para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar um teste ergométrico, um eletrocardiograma e até um cateterismo.

Tratamento da Angina
  • Mudança na alimentação e fim do sedentarismo para casos iniciais;
  • Remédio específico receitado por um médico;
  • Introdução de uma mola para expandir a artéria coronária;
  • Uso de veias de outras partes do corpo para suprir a necessidade de fluxo sanguíneo;
  • Em casos graves também pode ser usado um laser.

Aneurisma

O aneurisma é uma dilatação ou ruptura na parede da aorta. São decorrentes principalmente da arteriosclerose (placas que se formam nas paredes dos vasos, compostas por lipídios e tecido fibroso). Após a formação dessas placas, há um enfraquecimento da parede da artéria, até a pressão intra-arterial provocar a protrusão.

Fatores de risco do Aneurisma

Pressão alta permanente;

Idade avançada;

Síndrome de Marfan;

Sífilis;

Disfunções inflamatórias;

Disfunções congênitas do coração.

Sintomas do Aneurisma

Dor na parte superior das costas;

Tosse;

Sibilos;

Expectoração de sangue;

Deglutição difícil.

Para diagnosticar um aneurisma é necessário realizar um exame chamado angio-ressonância magnética. Entretanto, nos principais casos ela não é identificada anteriormente porque ele não costuma constar nos exames de check-up. O tratamento pode ser feito com a identificação do aneurisma para fechá-lo ou em casos específicos, é preciso controlar a pressão arterial e realizar atividades físicas.

Dissecção da Aorta

A dissecção ocorre na maior parte das vezes pela deterioração da parede arterial. O revestimento interno da parede da aorta sofre laceração, ocasionando o escape de sangue, separando a camada média e criando um novo canal na parede arterial. A dissecção da aorta possui os mesmos fatores de risco do aneurisma.

Sintomas nos casos de Dissecção da Aorta
  • Dor intensa na área torácica;
  • Dor na região dorsal (entre as escápulas);
  • Normalmente, a dor acompanha o trajeto da dissecção ao longo da aorta.

Na dissecação, dependendo de qual artéria foi bloqueada, as consequências também incluem o AVC, infarto do miocárdio, a lesão nervosa com produção de formigamento, dor abdominal súbita e a incapacidade de movimentar um membro.

Dissecção Aguda da Aorta (DAA): Isso acontece porque a aorta fica lacerada na parte interna enquanto a parte externa permanece intacta. Isso ocorre principalmente por causa da hipertensão arterial, além de problemas hereditários, síndrome de Marfan, problemas congênitos, arteriosclerose e lesões traumáticas.

Trombose Venal Profunda (TVP)

Doença causada pela formação de coágulos de sangue nas veias profundas, principalmente na panturrilha e batata da perna. É responsável também por uma doença ainda mais grave, a embolia pulmonar e também pela insuficiência venosa crônica. Essa doença é causada pela falta de movimentação de uma pessoa e também por lesões nos vasos ou problemas de coagulação sanguínea.

Sintomas da TVP
  • Aumento da temperatura local;
  • Inchaço com escurecimento da pele;
  • Dor;
  • Rigidez do músculo.
Fatores de risco da Trombose Venal Profunda (TVP)

- Longos períodos de imobilidade;

- Níveis altos de homocistina no sangue;

- Infecções, traumas (deixa lesões nos vasos, propiciando a formação de coágulos);

- Cirurgias;

- Casos de TVP anteriores;

- Obesidade;

- Doenças do sangue;

- Gravidez; 

- Uso de anticoncepcionais.

O diagnóstico pode ser verificado por meio da análise dos fatores de risco e confirmado por meio de exames específicos. O tratamento consiste em evitar a formação dos coágulos, mas caso eles já tenham sido formados, o médico pode receitar fibrinolíticos e anticoagulantes.

Cardiomiopatia

- Herança genética;

- Pressão alta;

- Ataque cardíaco;

- Infecção viral.

Cardiomiopatia dilatada

Esse é o tipo mais comum de cardiomiopatia e atinge adultos de 20 a 60 anos de idade. Causa danos nas atrias e ventrículos do coração e começa quando o ventrículo esquerdo dilata-se e fica mais fino. Com o avanço da doença, ela pode parar no ventrículo direito e nas atrias.

Com a dilatação das câmaras do coração, ele não consegue bombear corretamente. O coração fica mais fraco e o paciente sente fraqueza, falta de fôlego e inchaço nos membros superiores e inferiores.

Cardiomiopatia Hipertrófica 

O aumento do músculo cardíaco e a hipertrofia dificulta a saída do sangue do coração. Essa é uma condição geralmente passada entre gerações da mesma família causando aumento de uma parte do coração.

Os sintomas da doença são: dor no peito, vertigem, insuficiência cardíaca, falta de ar, pressão alta, desmaios e tontura. Essa doença é uma das principais causas da morte de jovens atletas durante uma série de exercícios pesados.

O médico faz um exame físico e ausculta o coração e os pulmões. Esse processo é feito para constatar sons anormais ou sopro. Caso o paciente seja diagnosticado com a doença, provavelmente será necessário que os parentes próximos realizem exames para constatar a mesma condição. O tratamento feito serve para controlar os sintomas da doença e estabilizar possíveis complicações. É possível que o paciente tenha que tomar um medicamento específico e até realizar uma intervenção cirúrgica.

Cardiomiopatia Restritiva

Essa doença costuma afetar principalmente pessoas mais velhas e nesse caso os ventrículos do coração ficam mais rígidos. Essa situação faz com que haja alargamento da atria levando a arritmia e insuficiência cardíaca. A cardiomiopatia restritiva pode ser decorrência de outras doenças ou tratamentos médicos.

Doença Arterial Periférica (DAP)

A DAP é uma doença que causa endurecimento das artérias dos pés e das pernas diminuindo o fluxo de sangue para os membros. Isso acontece porque placas de gordura vão se acumulando nas paredes das artérias e elas ficam estreitas e rígidas (fazendo com que o fluxo de sangue não ocorra corretamente).

Costuma afetar homens com 50 anos com histórico de colesterol, diabetes, problemas cardíacos, pressão arterial, doenças renais e cigarro.

Os sintomas da doença são: cansaço, desconforto, sensibilidade, queimação, dor (ocorrem principalmente durante caminhada ou atividade física). Caso a doença se agrave o paciente pode sofrer com úlceras, formigamento, cãibras formigamento nos pés e impotência.

Fatores de risco da DAP

- Pressão arterial alta;

- Colesterol alto;

- Herança genética;

- Sedentarismo;

- Inflamações;

- Disfunções de coagulação do sangue;

- Diabetes;

- Idade avançada.

Para tratar a doença o indicado é ir ao médico de sua confiança para exames específicos que constatem a doença. Podem ser receitados remédios ou a indicação de uma cirurgia.

Alimentação Saudável para Prevenção de Doenças Cardíacas

Alimentação SaudávelTer sempre uma alimentação saudável reduz o risco de doenças cardíacas. Saiba como melhorar sua alimentação com o consumo de uma dieta saudável.

Para começar, é importante saber a diferença entre o LDL e o HDL:

LDL: é o colesterol “mau” e quanto maior a sua quantidade no organismo, maiores são os riscos de entupimentos de veias, artérias e vasos.

HDL: é o colesterol “bom”, ajuda a remover o excesso de colesterol LDL presente no sangue e não há restrições. Quanto maior for seu HDL, menos riscos possui de contrair as doenças cardíacas.

  • As gorduras saturadas e trans são um dos principais meios para adquirir LDL. Suas principais fontes são: produtos de origem animal, óleo de coco, manteiga, azeite de dendê, gordura hidrogenada (shortenings: gorduras industriais utilizadas em sorvetes, biscoitos, chocolates, pães, creme, maionese, óleos para fritura industrial);
  • As gorduras poliinsaturadas quando substituem as gorduras saturadas, ajudam a diminuir o LDL. Podem ser encontradas principalmente nos óleos vegetais, e óleos de peixe;
  • Os ácidos graxos, encontrados no oléo vegetal e no do óleo de peixe, ajudam a reduzir a coagulação do sangue, diminuindo o risco de algumas doenças cardíacas;
  • Caso precise perder peso, reduza o consumo de açúcares, doces, gorduras e carboidratos complexos (pães, massas);
  • Consuma mais as carnes brancas, no lugar das carnes vermelhas (quando consumir, retire toda a gordura visível);
  • Se possível, substitua o leite integral pelo desnatado e os queijos gordurosos pelo queijo branco, ricota, cottage e queijo de soja;
  • Consuma muito farelo de aveia, pois é rico em fibras solúveis e ajuda a diminuir o colesterol;
  • Diminua a quantidade de ovos por semana (no máximo 3 gemas) e se possível, coma só a clara;
  • Consuma menos os “embutidos”: linguiça, salsicha, enlatados, salame e frios;
  • Aumente o consumo de cereais integrais, frutas com casca e vegetais crus;
  • Ingira pelo menos 25g de proteína de soja por dia, ajuda a reduzir o LDL;
  • Coma muitas leguminosas (feijão, lentilha, soja) e oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas);
  • Evite ao máximo os fast-foods, hambúrgueres, refrigerantes, batata frita, salgadinhos industrializados, biscoito recheado.

Textos produzidos por Laisa Agostini Vinhas

Revisado por Cristiana Chieffi